quarta-feira, 9 de abril de 2014

traquinagem ou malinagem?

No reino da traquinagem eu, quando criança, não era nenhum Papa, mas também não era nenhum Diácono, sem falsa modéstia era um Arcebispo ou talvez um Cardeal. O fato é que não quero reivindicar nenhum título eclesiástico, nem tampouco de saltimbanco serelepe. Pois bem, trocando em miúdos, quando pirralho todo mundo faz suas estripulias, uns mais outros menos etc. e comigo não foi diferente, que pra começo de prosa, certo dia em frente ao comércio do meu pai, uma mistura de bar, lanchonete, sorveteria, agência de passagens de ônibus para São Paulo e Brasilia e posto de gasolina (onde se vendia gasolina em latas de flandre de 20 litros), eu arquitetei um mirabolante plano de pegadinha aos meninos do meu tope, que consistia em amarrar uma cédula um mil reis  - aquelas azuis, com a esfinge do almirante tamandaré no centro da face interna da nota - à ponta de uma linha de carretel, onde na outra extremidade eu ficava escondido atrás da porta do comércio.
Tal qual não foi a minha surpresa, um compadre de meu pai que em respeito à família e memória do mesmo omito aqui seu nome, passava no momento em que eu acabara de lançar a cédula ao chão. Era um sujeito grandalhão e buchudo com certa dificuldade de mobilidade, e ao ver a nota do dinheiro dando sopa na calçada olhou para um lado e para o outro, disfarçou, e com um pequeno sacrifício se abaixou para apanhar a nota. Eu instantaneamente puxei a linha, e ele achando que o vento estava carregando a nota se apressou em pegá-la correndo atrás dela em posição de cata cavaco, novamente puxei a linha... e foi, e foi até que esbarrou na porta do bar, momento em que eu disparei uma gargalhada por trás da porta. De repente um puxão na porta e aparece aquela figura ciclópica  bem na minha frente: "seu moleque, eu vou contar pro meu compadre, o seu pai!
Naquele instante eu não sabia se me cagava de medo, ou se me mijava de tanto rir...
     

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