Braulio Tavares glozando a poesia:
...Lá na China corruto é fuzilado
e a família inda paga a munição!
Vou-me embora morar na velha China
que tem lá seus defeitos, tudo bem,
mas o nosso defeito ela não tem:
dar guarida a quem vive da rapina.
Deputado que lá ganha propina
pagará com a vida a corrução!
Lá na China político ladrão
bem depressa vai preso e condenado…
Lá na China corruto é fuzilado
e a família inda paga a munição!
Desde o tempo das velhas dinastias
toda vez que um político roubava
na melhor das hipóteses ficava
na prisão pelo resto dos seus dias.
Liminares, renúncias, anistias…
nada disso na China é solução!
O remédio é fuzil e pelotão
e um apito na boca dum soldado…
Lá na China corruto é fuzilado
e a família inda paga a munição!
Se um ministro chinês é desonesto
e é pilhado fazendo trambicagem,
a Justiça deslancha a engrenagem
que liquida a questão sem deixar resto.
Doze balas é um preço bem modesto
e o país nunca perde um só tostão
debita na conta do finado…
Lá na China corruto é fuzilado
e a família inda paga a munição!
Um violeiro, contador de causo, cachaceiro, bacharel em direito, pós graduado em direito penal, processo penal, medicina e aprendiz de tudo que não serve pra nada.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
O casamento de Vicença
Há quem diga que esse cordel é de autoria de Zé Laurentino, cujo título é "O casamento de Vicença", há porem, outros que dizem ser de autoria de Luiz Campos, com o título "Me enganei com minha noiva".
Quando solteiro eu vivia
Era o maior aperreio,
Devido ser muito feio
As moça não me queria.
Quando pr’um forró eu ia
Com qualquer colega meu,
Eles confiava neu
Ia beber e brincar
No fim da festa ia arengar
Quem ia preso era eu.
E pra arranjar namoro
Eu toda via fui mole.
Eu cantei samba, puxei fole,
Usei um cabelo louro,
A boca cheia de ouro,
Chega brilhava de dia.
Quando pr’um forró eu ia
Cheirava que nem uma rosa,
Mas, se eu caçava umas prosa,
As moça não me queria.
Aí eu dizia: “É catimbó
Que alguém botou, mas não sai,
Que mamãe casou com papai,
Vovô casou com vovó,
Inté meu irmão Chicó,
Que é muito mais feio que eu,
Namorou, casou, viveu
Com duas mulher, inté,
Só eu não acho muié
Que queira se esfregar neu.
Um dia Deus descuidou-se,
O satanás se esqueceu,
Que Vicença olhou pra eu
Com uns oião de bico dôce,
Nossos ói se amisturou-se
Como feijão com arroz,
Se abufelemo nós dois
Num amor tão violento
Que marquemo o casamento
Pra quatro dias depois.
No dia de se amarrar,
Se arrumou, eu e ela.
Dei de garra na mão dela
E fui pra igreja casar.
Cheguei no pés do altar,
Recebi a santa bença,
Jurei não ter desavença
Entre eu e minha esposa,
O padre disse umas côsa
E fui viver com Vicença.
Cheguei em casa mais ela,
Fui logo me agasalhando
Que mermo que eu ia pensando
Que ia dormir na costela.
Vicença fez a novela
Por dentro da camarinha,
Quebrou uns troçim que eu tinha,
Me ameaçou na bala.
Ela foi dormir na sala
Eu fui dormir nca cozinha.
Da vida perdi o gosto
Porque Vicença fez isso.
De manhã fui pro serviço,
Mas pra morrer de desgosto.
Cheguei em casa, o sol posto,
Vicença me arrecebeu,
Inté um café freveu,
Botou pra nós dois cear,
Mas, quando foi se deitar,
Nem sequer olhou pra eu.
De Deus perdi a crença,
De nome chamei uns trinta,
Botei uma faca na cinta,
E fui conversar com Vicença.
Vicença deu uma doença
Quando falei em amor,
Aí ela me perguntou:
“Cê pensa que eu sou o que?
Eu me casei com você
Pra lhe fazer um favor”.
Bati com ela no chão,
Puxei a lapa de faca,
Cortei o cóis da casaca
E o elástico do calção.
Vicença tinha razão
De não querer bem a eu.
Não era com nojo deu,
Ou porque não fosse séria,
Sabe Vicença quem era,
Era macho que nem eu.
Eu muito me arrependi
Porque me casei com ela.
Falei logo com o pai dela
E de manhã devolvi.
Muito desgosto eu senti,
Que quase morri inté,
Homem em trajo de muié
Tem muito de mundo afora,
Só caso com outra agora
Logo sabendo quem é.
Quando solteiro eu vivia
Era o maior aperreio,
Devido ser muito feio
As moça não me queria.
Quando pr’um forró eu ia
Com qualquer colega meu,
Eles confiava neu
Ia beber e brincar
No fim da festa ia arengar
Quem ia preso era eu.
E pra arranjar namoro
Eu toda via fui mole.
Eu cantei samba, puxei fole,
Usei um cabelo louro,
A boca cheia de ouro,
Chega brilhava de dia.
Quando pr’um forró eu ia
Cheirava que nem uma rosa,
Mas, se eu caçava umas prosa,
As moça não me queria.
Aí eu dizia: “É catimbó
Que alguém botou, mas não sai,
Que mamãe casou com papai,
Vovô casou com vovó,
Inté meu irmão Chicó,
Que é muito mais feio que eu,
Namorou, casou, viveu
Com duas mulher, inté,
Só eu não acho muié
Que queira se esfregar neu.
Um dia Deus descuidou-se,
O satanás se esqueceu,
Que Vicença olhou pra eu
Com uns oião de bico dôce,
Nossos ói se amisturou-se
Como feijão com arroz,
Se abufelemo nós dois
Num amor tão violento
Que marquemo o casamento
Pra quatro dias depois.
No dia de se amarrar,
Se arrumou, eu e ela.
Dei de garra na mão dela
E fui pra igreja casar.
Cheguei no pés do altar,
Recebi a santa bença,
Jurei não ter desavença
Entre eu e minha esposa,
O padre disse umas côsa
E fui viver com Vicença.
Cheguei em casa mais ela,
Fui logo me agasalhando
Que mermo que eu ia pensando
Que ia dormir na costela.
Vicença fez a novela
Por dentro da camarinha,
Quebrou uns troçim que eu tinha,
Me ameaçou na bala.
Ela foi dormir na sala
Eu fui dormir nca cozinha.
Da vida perdi o gosto
Porque Vicença fez isso.
De manhã fui pro serviço,
Mas pra morrer de desgosto.
Cheguei em casa, o sol posto,
Vicença me arrecebeu,
Inté um café freveu,
Botou pra nós dois cear,
Mas, quando foi se deitar,
Nem sequer olhou pra eu.
De Deus perdi a crença,
De nome chamei uns trinta,
Botei uma faca na cinta,
E fui conversar com Vicença.
Vicença deu uma doença
Quando falei em amor,
Aí ela me perguntou:
“Cê pensa que eu sou o que?
Eu me casei com você
Pra lhe fazer um favor”.
Bati com ela no chão,
Puxei a lapa de faca,
Cortei o cóis da casaca
E o elástico do calção.
Vicença tinha razão
De não querer bem a eu.
Não era com nojo deu,
Ou porque não fosse séria,
Sabe Vicença quem era,
Era macho que nem eu.
Eu muito me arrependi
Porque me casei com ela.
Falei logo com o pai dela
E de manhã devolvi.
Muito desgosto eu senti,
Que quase morri inté,
Homem em trajo de muié
Tem muito de mundo afora,
Só caso com outra agora
Logo sabendo quem é.
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